DOCUMENTOS DE ARQUIVO

AUTENTICIDADE, VERACIDADE E DISPUTAS DE PODER

Autores

  • Angelica Marques Universidade de Brasília
  • Marco André Feldman Schneider IBICT e UFF

Palavras-chave:

Autenticidade do documento, Veracidade da informação, Acesso, Poder

Resumo

Apresenta os marcos dos fazeres e saberes arquivísticos internacionais por período, da antiguidade à contemporaneidade. Retoma as características dos documentos de arquivo, para demonstrar que a autenticidade está para os documentos, assim como a veracidade para a informação, problematizando essa relação. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica qualitativa, histórica, exploratória e descritiva, cujo referencial teórico principal é o campo do discurso de Foucault. Propõe reflexões sobre os documentos e a informação, a autenticidade e a veracidade, tendo em vista a importância e os papéis dos arquivos, em sentido literal e figurado, como expressões de poder, direitos e deveres nas relações contemporâneas entre o Estado e a sociedade, os documentos e a informação, a autenticidade e a veracidade. Ressalta o direito à informação por parte do cidadão, o dever do Estado de preservar os arquivos produzidos e acumulados em decorrência das suas atividades e os documentos privados que possam ter interesse público. Na contemporaneidade, a transparência informacional ocorre pela publicidade das ações estatais, no exercício da democracia, em que os documentos de arquivo são provas e testemunhos do passado, no presente e para o futuro, condicionadas pela sua autenticidade, pressuposto da sua veracidade.

Biografia do Autor

Angelica Marques, Universidade de Brasília

Arquivista, mestre e doutora em Ciência da Informação, pela Universidade de Brasília (UnB). Realizou estágio pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da mesma universidade e na École Nationale des Chartes (Université de Sorbonne). Desde 2009, é professora do Curso de Arquivologia da UnB e, a partir de 2020, professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict). Desde 2022, possui bolsa de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Desenvolve e orienta pesquisas sobre os fluxos de documentos técnico-científicos na América do Sul na (pós-)pandemia e sobre a produção científica arquivística brasileira em torno de uma agenda de pesquisa.

Marco André Feldman Schneider, IBICT e UFF

Cientista do Nosso Estado Faperj. Beneficiário Recurso Universal CNPq 10/2023 Grupos Consolidados. Pesquisador titular do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict). Professor associado do departamento de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (UFF-Niterói-RJ). Professor do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - PPGCI-Ibict/ECO-UFRJ e do Programa de Pós-Graduação Mídia e Cotidiano - PPGMC-UFF. Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (ECA-USP-2008). Mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ-2003). Bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Produção Editorial (ECO-UFRJ-1999). Possui estágio pós-doutoral em Estudos Culturais, pelo Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ-2012), onde atua como pesquisador associado, supervisionando estágios pós-doutorais. Autor dos livros "A Era da Desinformação: pós-verdade, fake news e outras armadilhas" (2022) e "A Dialética do Gosto: informação, música e política", publicado em 2015 pela Editora Circuito, com bolsa de auxílio a publicação, da Faperj. Publicou também um livro de poesia e dezenas de artigos científicos, em capítulos de livros, anais de congressos e periódicos científicos, nacionais e internacionais. Vencedor dos concursos de ensaio Pensar a Contracoriente (Cuba-2003) e Mário Pedrosa, sobre arte e cultura contemporâneas (Brasil-2010). Professor universitário desde 2003. Interesses atuais de pesquisa: ética; epistemologia; economia política da informação, da comunicação e da cultura; desinformação; competência crítica em informação; literacia midiática. Líder do grupo de pesquisa Perspectivas Filosóficas em Informação (Perfil-i). Presidente do International Center for Information Ethics (ICIE). Membro da Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD), contemplada em 2023, pela Intercom, com o Prêmio Luiz Beltrão de Ciências da Comunicação, na categoria Grupo Inovador; da Rede Coinfo; da Rede de Estudos da Ciência da Informação sobre Desinformação (Recides); da Rede de Intelectuais e Artistas Independentes em Defesa da Humanidade (Redh); e da Rede Mussi (Rede Franco-Brasileira de Pesquisadores em Mediações e Usos Sociais de Saberes e Informação). Integrante dos grupos de pesquisa Estudos críticos em informação e organização social (Escritos) e Centro de Pesquisas e Produção em Comunicação e Emergência (Emerge). Integrante do Laboratório em Rede de Humanidades Digitais (Larhud). Editor da Liinc em Revista e da International Review of Information Ethics (IRIE). No biênio 2017-2018, foi Diretor Científico da União Latina de Economia Política da Informação, Comunicação e Cultura (Ulepicc), capítulo Brasil, e Coordenador do PPGCI-Ibict/ECO-UFRJ. Músico e escritor.

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Publicado

2025-12-14

Como Citar

Marques, A., & Schneider, M. A. F. . (2025). DOCUMENTOS DE ARQUIVO: AUTENTICIDADE, VERACIDADE E DISPUTAS DE PODER. OFFICINA - Revista Da Associação De Arquivistas De São Paulo, 4(1-2). Recuperado de http://revista.arqsp.org.br/index.php/revista-da-associacao-de-arquivi/article/view/128