A ANÁLISE BIBLIOLÓGICA COMO CONDIÇÃO PRELIMINAR PARA PROCESSOS DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO

Autores

  • Ana Virgínia Pinheiro

Palavras-chave:

Análise bibliológica, Bibliologia, Biblioteconomia de Livros Raros, Preservação de livros raros, Gestão de coleções bibliográficas especiais

Resumo

O presente artigo propõe a formalização da análise bibliológica como condição preliminar para processos de conservação e restauro, nas políticas de preservação de instituições de guarda de acervos bibliográficos de memória. Conceitua a análise bibliológica como o exame descritivo do estado da arte do item, no contexto da Biblioteconomia de Livros Raros, ou seja, a enumeração dos elementos originais e adquiridos, pelo suporte e pelo texto, e das condições que compõem sua materialidade (marcas do iter), no momento imediatamente anterior ao de sofrer intervenções, das mais elementares às mais invasivas. Além disso, sugere a inclusão, no relatório técnico gerado, de registros da pesquisa biobibliográfica, que podem apontar aspectos de raridade, reordenar elementos e justificar a manutenção de aparentes defeitos, assim como a supressão ou substituição de intervenções passadas incompatíveis ou desacertadas. Conclui-se reiterando que a análise bibliológica se configura como um instrumento de comprometimento do gestor da coleção com os processos de conservação e restauro, além de referência para o conservador e o restaurador, por personalizar o exemplar a ser preservado. Em ambos os casos, a análise bibliológica é apresentada como instrumento que justifica a seleção para preservação e a tomada de decisões nos processos científicos decorrentes.

Biografia do Autor

Ana Virgínia Pinheiro

Sócia honorária do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e diretora de sua biblioteca. Bibliotecária aposentada da Biblioteca Nacional (1982-2020), onde atuou por 16 anos como chefe e curadora de obras raras. Professora aposentada da Escola de Biblioteconomia da UNIRIO (1987-2023), onde lecionou, principalmente, “História do Livro e das Bibliotecas”. É mestre em Administração Pública (FGV/EBAPE) e compõe grupos de estudos e pesquisas, como o Grupo de Estudos Interdisciplinares da Raridade Bibliográfica (GEIRD/Bahia), a Confraria da Conservação e Restauração em Suporte Papel e Afins e o Grupo de Pesquisa em Crítica Textual da BN. Dedica-se à mentoria de projetos sobre memória bibliográfica e documental e à difusão e à avaliação do livro raro.

Referências

ARLÍA, C. Dizionario bibliográfico. Milano: U. Hoepli, 1892.

BÁEZ, F. História universal da destruição dos livros: das tábuas sumérias à guerra do Iraque. Tradução: Léo Schlafman. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.

BOITO, C. Os restauradores. Tradução: Beatriz Mugayar Kühl e Paulo Mugayar Kühl. Cotia: Ateliê Editorial, 2002.

BORBA DE MORAES, R. O bibliófilo aprendiz. Brasília, DF: Briquet de Lemos/Livros; Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 1998.

BRITISH LIBRARY. National Preservation Office. Preservação de documentos: métodos de salvaguarda. Tradução: Zeny Duarte. Salvador: EDUFBA, 2009. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/38354/1/preservacao-de-documentos-3ed_repositorio.pdf. Acesso em: 6 jul. 2025.

BUONOCORE, D. Vocabulario bibliográfico. Santa Fe: Librería y Editorial Castellví, 1952.

FARIA, M. I; PERICÃO, M. G. Dicionário do livro: da escrita ao livro eletrônico. São Paulo: Edusp, 2008.

FERRAZ, Wanda. A biblioteca. Rio de Janeiro: Freitas Basto; Brasília, DF: INL, 1972.

GASKELL, P. Nueva introducción a la bibliografia material. Asturias: Ediciones Trea, 1999.

HOUAISS, A. Elementos de bibliologia. São Paulo: Hucitec; Brasília, DF: INL/Fundação Nacional Pró-Memória, 1983.

INTERNATIONAL FEDERATION OF LIBRARY ASSOCIATIONS AND INSTITUTIONS. Descrição bibliográfica internacional normalizada (ISBD). Trad., rev. téc.: Rosa Maria Galvão, Margarida Lopes. Lisboa: Biblioteca Nacional de Portugal, 2012.

INTERNATIONAL FEDERATION OF LIBRARY ASSOCIATIONS AND INSTITUTIONS. ISBD(A): descrição bibliográfica internacional normalizada das monografias antigas. Tradução: Maria da Graça Pericão e Maria Isabel Faria. Lisboa: Instituto Português do Património Cultural, 1985.

PEIGNOT, G. Dictionnaire raisonné de Bibliologie. Paris: chez Villier, 1802-1804.

PINHEIRO, A. V. A análise bibliológica de clássicos do acervo da Biblioteca Nacional. In: MONIZ, F. F. S.; GUGGENBERGER, R. (org.). Anais do I Seminário Externo NEC-FBN. Rio de Janeiro: Publicações NEC-FBN, 2024. p. 10-39. Disponível em: https://necfbn.wixsite.com/nec-fbn/obras-publicadas. Acesso em: 20 abr. 2025.

PINHEIRO, A. V. A ordem dos livros na biblioteca. Rio de Janeiro: Interciência; Niterói: Intertexto, 2022.

PINHEIRO, A. V. A retórica silenciosa do livro antigo. In: BARBOSA, S. (org.). Da leitura e suas escrituras: histórias sobre a história da leitura. Teresina: Elã, 2021. p. 236-258.

PINHEIRO, A. V. Divisão de Obras Raras [da Fundação Biblioteca Nacional]: passo-a-passo das atividades. Rio de Janeiro, 2004-2020. Datiloscrito.

PINHEIRO, A. V. Glossário de codicologia e documentação. Anais da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, v. 115, p. 123-213, 1995 [lançado em 1998].

PINHEIRO, A. V. História, Memória e Patrimônio: convergências para o futuro dos acervos especiais. In: VIEIRA, B. V. G.; ALVES, A. P. M. (org.). Acervos especiais: memórias e diálogos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2015. p. 33-44.

PINHEIRO, A. V. Que é livro raro?: uma metodologia para o estabelecimento de critérios de raridade bibliográfica. Rio de Janeiro: Presença; Brasília: INL, 1989.

PORTA, F. Dicionário de artes gráficas. Rio de Janeiro: Globo, 1958.

ROUVEYRE, E. Connaissances nécéssaires a un bibliophile. 3. éd. Paris: Lib. Ancienne et Moderne, 1879.

SANTOS, G. C.; RIBEIRO, C. M. Acrônimos, siglas e termos técnicos: arquivística, biblioteconomia, documentação, informática. 2. ed. Campinas: Átomo, 2012.

Downloads

Publicado

2025-12-14

Como Citar

Pinheiro, A. V. . (2025). A ANÁLISE BIBLIOLÓGICA COMO CONDIÇÃO PRELIMINAR PARA PROCESSOS DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO. OFFICINA - Revista Da Associação De Arquivistas De São Paulo, 4(1-2). Recuperado de http://revista.arqsp.org.br/index.php/revista-da-associacao-de-arquivi/article/view/160

Edição

Seção

Dossiê Confraria da Conservação: diálogos sobre o papel