Uma abordagem arquivística dos recortes de jornal
DOI:
https://doi.org/10.29327/263416.1.1-4Palavras-chave:
Recortes de jornal, Tipologia documental, Diplomática arquivística, Descrição documentalResumo
Os recortes de jornal, presentes em arquivos de natureza institucional ou naqueles acumulados por indivíduos, impõem desafios teóricos e práticos a todas as etapas do tratamento documental. Este artigo explora alguns desses desafios, especialmente aqueles relacionados à descrição, com ênfase no reconhecimento das espécies e tipos documentais que caracterizam o material usualmente nomeado pela expressão genérica “recortes de jornal”. Para tanto, discute o estatuto documental dos recortes, na tentativa de enquadrar sua existência nos arquivos como o reflexo de uma prática social enraizada numa longa e rica tradição. Ainda, demonstra como os conceitos da diplomática podem ser articulados aos aportes de outros campos disciplinares, tais como o jornalismo, a comunicação social, a editoração e a linguística aplicada, o que resulta numa metodologia de análise por meio da qual se torna possível identificar, nomear e definir as espécies documentais derivadas da atividade jornalística encontradas nos arquivos sob o formato de recorte. Por fim, o trabalho apresenta definições de espécies documentais que podem ser empregadas na descrição unitária e serial dos recortes, e conclui apontando possíveis desdobramentos para a pesquisa, sobretudo no que diz respeito à manifestação das espécies ligadas ao jornalismo digital.
Referências
BAUTIER, Robert-Henri. Leçon d’ouverture du cours de diplomatique à l’École des Chartes (20 octobre 1961). Bibliothèque de l’École des Chartes, Paris, n. 119, p. 194-225, 1961. Disponível em: <http://www.persee.fr/doc/bec_0373-6237_1961_num_119_1_449619>. Acesso em: 28 fev. 2017.
BELLOTTO, Heloísa Liberalli. Concepto de especie documental como antecedente al tipo en la teoría archivística. Boletín ANABAD, Madrid, v. 68, n. 3-4, p. 446-455, 2018.
BELLOTTO, Heloísa Liberalli. Diplomática e tipologia documental em arquivos. 2. ed. Brasília: Briquet de Lemos, 2008.
BELTRÃO, Luiz. Técnica de jornal. Recife: Instituto de Ciências da Informação, 1964.
CAMARGO, Ana Maria de Almeida; BELLOTTO, Heloísa Liberalli (coord.). Dicionário de terminologia arquivística. 3. ed. São Paulo: Associação de Arquivistas de São Paulo, 2012.
CAMARGO, Ana Maria de Almeida. Arquivos pessoais são arquivos. Revista do Arquivo Público Mineiro, Belo Horizonte, v. 45, n. 2, p. 26-39, jul./dez. 2009.
CAMARGO, Ana Maria de Almeida. Contribuição para uma abordagem diplomática dos arquivos pessoais. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 11, n. 21, p. 169-174, 1998.
CAMPOS, José Francisco Guelfi. Recortes de jornal: da prática social aos arquivos. 2018. Tese (Doutorado em História Social) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. Disponível em: <https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-04042019-125418/pt-br.php>. Acesso em: 26 nov. 2021.
CHABIN, Marie-Anne. Je pense donc j’archive: l’archive dans la société de l’information. Paris: L’Harmattan, 1999.
COSTA, Lailton Alves da. Teoria e prática dos gêneros jornalísticos: estudo empírico dos principais diários de cinco macro-regiões brasileiras. 2008. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) – Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2008.
DELMAS, Bruno. Manifesto por uma diplomática contemporânea. In: DELMAS, Bruno. Arquivos para quê? Textos escolhidos. Tradução Danielle Ardaillon. São Paulo: Instituto Fernando Henrique Cardoso, 2010, p. 125-182.
DURANTI, Luciana. Diplomatics: new uses for an old science (Part I). Archivaria, Ottawa, v. 28, p. 7-27, Summer 1989.
FONTCUBERTA, Mar de. Estructura de la noticia periodística. 2. ed. Barcelona: ATE, 1981.
GAGNON-ARGUIN, Louise. Typologie des documents des organisations: de la création à la conservation. Québec: Presses de l’Université du Québec, 1998.
GHIGNOLI, Antonella. Diplomatica. In: GUERRINI, Mauro (ed.). Biblioteconomia: guida classificata. Milano: Editrice Bibliografica, 2007, p. 908-914.
GOOD, Katie Day. From scrapbook to Facebook: A history of personal media assemblage and archives. New Media & Society, v. 15, n. 4, p. 557-573, 2013.
HEREDIA HERRERA, Antonia. Archivística general: teoría y práctica. 5. ed. actualizada y aumentada. Sevilla: Servicio de Publicaciones de la Diputación de Sevilla, 1991.
MELO, José Marques de. Jornalismo opinativo: gêneros opinativos no jornalismo brasileiro. 3. ed. rev. e ampl. Campos do Jordão: Mantiqueira, 2003.
MENCHER, Melvin. News Reporting and Writing. 12. ed. New York: McGraw-Hill, 2011.
MOURA, Washington José de Almeida. Atualidade dos estudos de biblioteca e arquivos jornalísticos. Comunicações e Problemas, Recife, v. 3, n. 2/3, p. 56-62, dez. 1968.
OTT, Katherine; TUCKER, Susan; BUCKLER, Patricia P. An Introduction to the History of Scrapbooks. In: OTT, Katherine; TUCKER, Susan; BUCKLER, Patricia P (eds.). The Scrapbook in American Life. Philadelphia: Temple University Press, 2006.
ROMERO TALLAFIGO, Manuel. Ayer y hoy de la Diplomática, ciencia de la autenticidad de los documentos. In: CARUCCI, Paola et al. Documento de archivo de gestión: diplomática de ahora mismo. Carmona: S&C, 1994, p. 11-49.
SAIBA como entreter os seus filhos. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 7 set. 1956. Suplemento feminino, p. 6.
SCHIAPARELLI, Luigi. Diplomatica e storia. Annuario del R. Istituto di Studi Superiori, Pratici e di Perfezionamento in Firenze, Firenze, p. 3-31, 1909. Disponível em: <http://www.scrineum.it/scrineum/biblioteca/schiaparelli-1909.html>. Acesso em: 15 fev. 2018.
VÁZQUEZ, Manuel. Reflexiones sobre el término “tipo documental”. In: De archivos y de archivistas: homenaje a Aurelio Tanodi. Washington: OEA, 1987, p. 177-185.
YEO, Geoffrey. Information, records, and the philosophy of speech acts. In: SMIT, Frans; GLAUDEMANS, Arnould; JONKER, Rienk (ed.). Archives in Liquid Times. ‘s-Gravenhage: Stichting Archiefpublicaties, 2017, p. 92-118.

Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 José Francisco Guelfi Campos

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution 4.0 que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.