AS RELAÇÕES ENTRE A MEMÓRIA E OS SEUS SUPORTES MATERIAIS NA CONFIGURAÇÃO DOS ARQUIVOS PESSOAIS
DOI:
https://doi.org/10.29327/263416.2.2-7Palavras-chave:
Memória, Autoarquivamento, Arquivo PessoalResumo
Há no arquivo pessoal uma prática de arquivamento do eu, que é, ao mesmo tempo, evidências de si e da coletividade. Os objetivos deste artigo são identificar os possíveis modos de autoarquivamento e descarte presentes nos arquivos pessoais dos indivíduos e evidenciar as relações existentes entre a memória e os seus suportes materiais. O método utilizado foi revisão de literatura com viés qualitativo. Dentre os resultados encontrados destaca-se que o arquivo pessoal pode se constituir a partir de variadas maneiras e possuir diversos usos para o seu produtor, dada a diversidade de experiências, de intenções e motivações oriundas daquele que foi o primeiro usuário dessa documentação. A partir desta relação entre memória e documento foi possível identificar algumas das motivações para a guarda e/ou descarte dos documentos de origem pessoal; os usos que lhe podem ser atribuídos; e as particularidades e características que podem ser identificadas nos arquivos pessoais. Entre as conclusões do estudo destaca-se a importância da memória e do necessário envolvimento sentimental para a manutenção dos arquivos pessoais, que podem ser considerados um dos possíveis espaços de recordação, e que o afeto é um dos pilares que possibilita a existência e a transmissão de patrimônios de geração em geração.
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